CURSOS LIVRES DE MÚSICA

sábado, 19 de setembro de 2015

A HISTÓRIA DA MÚSICA E SUAS FORMAS - romantismo

ROMANTISMO.


O Romantismo tomou conta de quase todo o século XIX, através de várias ondas sucessivas de artistas altamente criativos, donos de prodigiosa imaginação. Acompanhando o movimento geral das outras artes e procurando aproximar-se delas pelo maior número de ângulos possíveis, a música desse período foi marcada pelo individualismo e pela subjetividade. Muitos de seus compositores tornaram-se autênticos revolucionários; outros sonharam bem mais do que escreveram; e a maioria deles via em Beethoven uma figura mítica de patrono que, uma vez, havia demonstrado a possibilidade do artista ser livre.
Quase todos os grandes compositores dessa época buscaram novas formas de expressão a fim de simbolizar, através delas, os seus sentimentos mais íntimos, mais indefiníveis. Com isso, nasceram no campo orquestral o poema sinfônico e as aberturas baseadas em programas literários. No domínio dos instrumentos solistas, apareceram peças ora curtas, como breves confissões, ora esparramadas, de caráter rapsódico ou improvisatório. O Romantismo foi sobretudo a época do compositor- virtuose, a um só tempo profeta e herói desses novos tempos anunciados pela Revolução Francesa. Escrevendo suas obras e encarregando-se de apresentá-las diante do público, eles conseguiram abrir novos espaços não apenas de expressão como também de trabalho remunerado.
Nunca, em tempo algum, vida e arte andaram tão juntas e às vezes tão misturadas quanto no Romantismo. E o desejo de liberdade expresso por alguns dos seus principais artistas fez com que compositores de muitos países se voltassem para as suas músicas nacionais, fazendo com que a arte do Ocidente passasse a falar um considerável número de coloridos dialetos...
Os românticos ampliaram a maioria dos campos da composição musical, notadamente no plano da harmonia, que com eles se tornou mais rica e cheia de sutileza. E a vontade de fazer com que a música passasse a dialogar com outras artes fez nascer não apenas a música de programa como também a canção artística e, sobretudo, o drama musical.
Este, no fundo, era uma nova radicalização da ópera, vista agora como um espetáculo situado entre áreas diversa, espécie de obra de arte total que fundia teatro, poesia, dança, artes plásticas e, não por último, música.
Shubert e o seu lirismo inovador, Shumann e a sua repetição da personalidade, Liszt e as suas ousadias harmônicas, Wagner e os seus projetos revolucionários, Berlioz e a sua nova orquestra, e Chopin e o seu plano intraduzível são algumas das muitas personagens da aventura romântica.

Franz Shubert (1797-1828) foi possivelmente o maior inventor de melodias da nossa civilização mostrando através delas a sua sensibilidade profundamente lírica. Muitas de suas obras instrumentais, no fundo, são prolongamentos do espírito lírico que alimenta os seus lieder, as suas canções. Isso acontece com o Andante com moto pertencente ao Trio em mi bemol maior, Op. 100, escrito para piano, violino e violoncelo no final do penúltimo ano de sua vida. Aí, sobre o ritmo inicial de uma marcha lenta, Shubert colocou uma ampla melodia, constantemente retomada, que viaja por tonalidades maiores e menores, em um percurso sempre muito atraente, onde não faltam nuanças e sutis surpresas.


Através de Frédéric Chopin (1810-1849) e de alguns de seus colegas de geração, o piano passou a ser visto como um instrumento auto-suficiente, capaz de desvendar os múltiplos meandros do universo interno do compositor. Para o seu instrumento predileto, ele compôs obras ao mesmo tempo livres e equilibradas, inovadoras e também cativantes a uma primeira audição. Como em nenhum outro artista romântico, em Chopin o piano canta melodias sem palavras, armando um mágico mundo feito de suaves transparências e de violetas mudanças de ânimo. Essas características, aliadas ao ímpeto emocional, estão presentes o estudo em dó sustenido menor Op. 25, nº7, publicado em 1837.

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