CLASSICISMO.
O Classicismo, período que alguns denominam um tanto pejorativamente de
Rococó, desenvolveu-se durante a Segunda metade do séc. XVIII. Ligando o
Barroco ao Romantismo, ele nos leva da época do desaparecimento de J.S. Bach à
da maturidade de Beethoven, já no início do séc. XIX. De seus refinados
compositores, o repertório usual guardou
sobretudo os nomes de Joseph Haydn
e de Wolfgang Amadeus Mozart. Não sem razão, pois ambos são gênios
indiscutíveis...
Durante o período clássico, os compositores gradativamente abandonaram
a polifonia em definitivo, em favor da melodia acompanhada.
Foi um momento no qual toda a Europa deixou-se influenciar pela
calorosa música italiana, de contáveis contornos melódicos e de contagiantes e
alegres ritmos. O Classicismo foi, igualmente, o tempo da simetria: mais do que
em qualquer outro momento, os artistas preocupavam-se em escrever obras
perfeitamente equilibradas . A tendência barroca de subjugar os ouvidos pela
complexidade das formas e pelo tom espetacular da expressão foi deixada de
lado. Em seu lugar, a palavra de ordem passou a ser seduzir pela elegância,
pela fisionomia "galante" de uma música feita não para chocar, mas
para agradar, para acariciar os ouvidos. Enfim, boa parte da música passou a
ser encarada como um muito sutil e aristocrático divertimento.
Abandonando o baixo-contínuo do período anterior a fim de conseguir
maior leveza e mobilidade da música - o Classicismo assumiu inteiramente o
universo da tonalidade. E explorou a dinâmica desse sistema em divertimentos e
serenatas, em quartetos de cordas e em outras formações instrumentais de
câmara, em concertos para solista e em sinfonias, em música sacra decididamente
profana e em óperas ora sérias, ora bastante cômicas.
O Classicismo foi, também, a época do aperfeiçoamento da escritura e
dos conjuntos instrumentais: criou-se conceito de uma orquestra equilibrada,
baseada nas cordas e nos sopros, ao mesmo tempo em que se anotava criteriosamente
no papel, especialmente para essa nova orquestra, toda uma série de nuanças
expressivas que deram a ela um extraordinário vigor.
Acima de tudo, o Classicismo foi a era da forma-sonata, maneira de
compor música muito peculiar.
Partindo-se de duas idéias contrastes uma melodia "masculina"
e outra "feminina", por exemplo criavam-se obras muito vívidas, onde
esses elementos eram constantemente transformados, através de um processo
conhecido como "desenvolvimento temático",. A forma sonata, que podia
ser empregada tento em uma peça para piano quanto em uma sinfonia, demonstrou
ser uma descoberta tão interessante que, ainda hoje, é utilizada por muitos
compositores.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) foi um ser tão extraordinariamente
musical que conseguiu deixar a marca do seu gênio em tudo o que escreveu. Ainda
que compondo simples "música de fundo" para refeições do seu patrão,
o Príncipe arcebispo de Salzburgo, da Áustria, ele foi capaz de deixar claro
que, por trás da fisionomia "galante" sua música sempre contava as
misteriosas ciências da invenção. Esse é o caso do divertimento. Seu primeiro
movimento, um tema seguido de variações, foi originalmente escrito para pares
de oboés, trompas e fagotes; aqui ele é apresentado em um interessante arranjo
para quinteto de sopros, integrado por flauta, oboé, clarinete, fagote e
trompa.
Ludwig van Beethoven (1770-1827), um dos mais revolucionários
compositores de todos os tempos, foi na juventude o mestre da clareza
nitidamente clássica e, na maturidade, o inaugurador da mentalidade libertária
do Romantismo. Até ele, raros artistas haviam conseguido retirar tantas
conseqüências das formas herdadas do passado, redimensionando-se e
projetando-as em direção ao futuro da linguagem musical. Seu lado clássico, de
sucessor de Haydn e de Mozart, é perceptível no movimento final do seu Sexteto
e mi bemol, Op. 71, escrito em 1796 em plena juventude , portanto. Esse alegre
rondó com um refrão e suas variantes foi pensado originalmente para pares de
clarinetes, trompas e fagotes; é mostrado aqui em uma versão para quinteto de
sopros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário