Tudo uma
questão de Lingüística
Por Jorge Antunes
As nomenclaturas brasileiras no que se
refere à terminologia musical tradicional vêm da cultura francesa. Os primeiros
grandes mestres da área, tais como Paulo Silva, Domingos Raimundo e Assis
Republicano, foram discípulos e difusores dos ensinamentos da escola francesa
de Vincent Dindy. Na velha tradição francesa estão as expressões: quinte juste,
accord parfait, tierce mineur, septième majeur, etc. Para complicar mais ainda
as reflexões, levando-as lá pra bem longe, gostaria de lembrar coisa
interessante: Os maçons brasileiros, herdeiros do ritual da francomaçonaria
usam, entre seus sinais e códigos secretos, a seguinte expressão: "Justo e
perfeito entre colunas". Para aprofundarmo-nos mais ainda em mistérios
fascinantes, lembremo-nos de que a oitava justa e a quinta justa são os dois
primeiros intervalos da série harmônica (antes chamados de
"perfeitos", daí as designações de perfeitos a acordes maiores ou
menores com quinta justa), essa maravilha presente no espectro de todos os sons
dos instrumentos de sopro e de cordas. A oitava e a quinta justa, além disso,
estão presentes na memória humana coletiva, até mesmo nos bebês e crianças
tenras ainda não iniciadas no processo de educação. Quando pedimos
à criancinha para reproduzir uma altura (nota) grave que cantamos, ela não
dirá: - moço, essa nota é muito grave para mim. Ela não diz isso simplesmente
porque ela ainda não sabe falar. Mas ela cantará duas ou três oitavas acima.. Esses dois intervalos estão presentes na
interseção de dois conjuntos diferentes: a natureza e a cultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário