Tudo uma questão de história
Por Bernardo Toledo Piza
Desde Pitágoras, a proporção exata para o intervalo de oitava é conhecida
como 2/1, em termos de freqüência, ou 1/2 em termos de comprimento de corda,
que é o que ele podia medir no seu monocórdio.
Proporção
dos intervalos às relações naturais
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Grau I
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Grau II
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Grau III
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Grau IV
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Grau V
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Grau VI
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Grau VII
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Grau VIII
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1
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9/8
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5/4
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4/3
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3/2
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5/3
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15/8
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2
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Para os intervalos de 5a. e 4a. as proporções são, repectivamente, 3/2 e
4/3. Pitágoras construiu seu sistema de afinação como uma seqüência de quintas
"puras" (não apenas justas) na razão exata de 3/2. O problema é que
desta forma o "circulo das 5as." não se fecha. Mas para a prática
musical grega antiga e também para a música medieval do ocidente isto não
importava, porque a música era monódica, modal e diatônica.
Com o surgimento da música polifônica tonal no Renascimento, surge o uso
da 3a maior como consonância, definida na proporção 5/4. Este
intervalo é incompatível com a sucessão de 5as do sistema
pitagórico, em que a 3a maior resultava em 81/64.
Desses problemas aritméticos vem a necessidade de
"temperamento", isto é compromisso no sentido de "encaixar"
os intervalos da melhor maneira possível. Houve diversos sistemas de afinação
em uso antes que se estabelecesse o temperamento igual mais ou menos no início
do séc. XIX.
Quanto ao diapasão, a primeira tentativa de estabelecer um padrão único e
universal foi na segunda metade do séc. XIX, quando se convencionou que o lá
seria 435 Hz. Depois de muita transgressão, em 1939 o lá foi redefinido como
440 Hz. Este novo padrão também está sendo desobedecido, em geral para mais
(442 ou até 445 na Alemanha). Escrevendo em 1752, J. J. Quantz diz que na
Alemanha havia dois diapasões: um para a música de Igreja (Chorton) e outro
para música profana (Kamertom). A diferença entre eles era de uma 3a menor!
Sabe-se hoje que estes diapasões eram algo em torno de 470 Hz. e 400 Hz.
respectivamente.
Classificação
dos intervalos
Afinal, tudo depende da referência. Como os mesmos intervalos podem ser
definidos no serialismo? E também, o que é consonância e dissonância? Será que
isso não depende também do "sistema musical" empregado assim como
também da época, isto é, o que soa "dissonante" em 1700 tem que ser
"ouvido" assim no séc. XXI? E se é assim, como conseguir ouvir, se é
que é possível ouvir como um músico de 1700?
Quanto à classificação dos intervalos, aqui vai uma referência do livro
Twentieth Century Harmony, de Vincent Persichetti:
Classificação
dos intervalos
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Consonância
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Dissonância
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Forte
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Fraca
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Forte
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Fraca
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Uníssono=
consonância forte
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2ªmenor=
dissonância forte
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2ªmaior=
dissonância fraca
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3ªmenor=
consonância fraca
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3ªmaior=
dissonância fraca
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4ªjusta=
dissonância ou consonância, dependendo do contexto.
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4ªaumentada=neutro
ou instável, dependendo do contexto.
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5ªdiminuta=neutro
ou instável dependendo do contexto
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5ªjusta=consonância
forte
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5ªaumentada=consonância
fraca
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6ªmenor=consonância
fraca
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6ªmaior=consonância
fraca
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7ªmenor=dissonância
fraca
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7ªmaior=dissonância
forte
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8ªjusta=consonância
forte
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"É difícil classificar o trítono e a quarta justa fora de um
contexto musical. O trítono (intervalo de 4ªaumentada ou 5ª diminuta), divide a
oitava em duas partes exatamente iguais e é o menos estável dos intervalos. Ele
soa, primariamente, neutro nas passagens cromática e instável nas passagens
diatônicas”.
Nas páginas 14 e 15 deste livro
estão os respectivos exemplos.(Twentieth-Century Harmony - Creative aspects and
practice, by Vincent Persichetti (1915/1987)
Já Schoenberg, no seu tratado de harmonia (pg18) classificaria os
intervalos assim: "a maior consonância depois do uníssono é (...) a 8ª. As
seguintes são a 5ª e em seguida a 3ª maior.(...) Como dissonâncias são
descritas apenas: a 2ª maior e menor, a 7ª maior e menor, a 9ª, etc., mais
adiante todos os intervalos aumentados e diminutos, etc."
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