ATUALIDADE.
A música erudita da atualidade costuma ser bastante radical: gosta de
experimentar sons inéditos e de criar novas linguagens. Com freqüência, essa
música interessa-se pelas altas matemática, pela teoria da informação, pela
lingüística, pela semiótica, pela linguagem dos computadores, pelas novas
teorias da física, assim como pela filosofia oriental. Além disso, costuma
relacionar-se com a tecnologia, às vezes adotando suas conquistas, outras vezes
negando-as frontalmente. Por outro lado, boa parte dessa música que alguns
chamam de "experimental" tende a ser bastante problemática, pois propõe
e procura resolver questões, indagações de ordem intelectual. Adotando tal
posição, muitos compositores da atualidade inventam obras não mais construídas
sobre modelos pré-existentes, mas escolhido de antemão ou ainda dos agentes
sonoros empregados.
O nosso tempo é o da música e o da antimúsica, dos happenings e
performances, dos instrumentos tradicionais e dos sintetizadores de sons cada
vez mais aperfeiçoados. Nossa época é a da música ora escrita, ora improvisada
no momento de execução, da música ultracontrolada - concebida como esmerilhados
cristais sonoros - e da música processo, que é tão variável que pode mostrar
sempre uma nova fisionomia a cada nova apresentação. Vivemos, assim, um
instante de relativização de todos os antigos conceitos, o de uma revolução
musical permanente.
O panorama da música surgida na Europa e nas Américas após a Segunda
Guerra Mundial é amplo, contraditório, integral quando eram controlados todos
os detalhes de uma obra e o da música aleatória, em que os artistas davam ao intérprete
grande margem de liberdade na reconstrução de suas peças musicais. Houve o
tempo da música eletrônica, feita a partir de sons conseguidos em laboratórios
eletracústicos, e o da música concreta, elaborada sobre elementos retirados do
cotidiano.
Durante a década de 1960, presenciou-se o nascimento de novas técnicas
de improvisação coletiva, da música feita com o auxílio de computadores, da
música eletracústica ao vivo, do novo teatro musical, dos espetáculos
multimídia, dos happenings e da antiarte. Hoje, ao lado de todas essa
tendências, ainda há espaço e lugar para namoros com o passado, para o clima
algo hipnótico da feita de variações mínimas, para colagens pop e, até mesmo,
para uma espécie de volta à tonalidade, presente em vários compositores que, no
início da década de 1950, haviam sido os
primeiros a abandoná-la.
E, igualmente, há lugar para a música panfletária que se esforça por
provar que toda essa música de vanguarda é "decadente" -
"burguesa", enfim...
O norte-americano George Crumb, nascido em 1929, completou o ciclo
Makrokosmos II em 1973.
Este traz como subtítulo: "doze peças em forma de fantasia sobre o
Zodíaco para piano amplificado" e contém reminiscências dos mundos
medieval, impressionista e moderno aliadas a certo "clima" oriental.
Essas peças revelam bem o ecletismo do autor, que procura fugir das fórmulas
pré-existentes.
Crumb cria uma música bastante livre, partindo de algumas
poucas idéias básicas. Aqui, todo um mundo de sonoridades novas aflora a partir
de sua maneira de tratar o piano amplificado, através do uso dos pedais e do
contato direto dos dedos com as cordas.
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