CURSOS LIVRES DE MÚSICA

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A HISTÓRIA DA MÚSICA E SUAS FORMAS - barroco

BARROCO

Nascendo nos últimos anos do séc.XVII - através de obras nas quais havia uma calculada noção de espetáculo - O BARROCO desenvolver - ia até a metade do século seguinte. Durante esse período que talvez tenha sido o mais fértil de toda a História, a música foi transformada em uma linguagem especialmente dramática, de forte apelo emocional.
A dramatização da música, no BARROCO, concretizou - se  principalmente em duas novas formas, aliás aparentadas: a cantata e a ópera.
Respectivamente dentro e fora da Igreja, estas faziam  com que os textos cantados, finalmente, passassem a ser percebidos como uma voz individual, agora "emoldurada" por um tecido instrumental que funcionava como acompanhamento. Ao lado desse campo onde a voz passou a imperar como forma de representação das paixões humanas, a música instrumental feita para ser interpretada por especialistas, os virtuoses colocou em relevo a imagem do novo homem mais dono de si mesmo.
De Cláudio Monteverdi a Jonhann Sebastian  Bach a música passaria por profundas transformações. As formas dramáticas como a cantata e a ópera recitativo, a área e o coro, que chegariam a influenciar até mesmo a música instrumental. Esta finalmente, ganhou autonomia tanto no que se refere à música para solista quanto à música para pequenos grupos e para grupos maiores, concertantes. Assim, a música instrumental foi capaz de criar formas pertencentes apenas a ela (a tocata, a fantasia, a suíte, o concerto  grosso, o concerto para solista e orquestra, etc.), dando um novo impulso ao próprio ato de escrever música.
Com o Barroco nasceu a harmonia. Durante os séculos anteriores, a polifonia era horizontal, com as melodias escorrendo umas sobre as outras.
O Barroco verticalizou a polifonia: colocou em relevo uma melodia principal geralmente a mais aguda, fazendo com que as outras se subordinassem a ela, acompanhando-a. Essa função de acompanhamento passou a ser entregue a um pequeno grupo de instrumentos chamado baixo-contínuo, que fornecia à melodia principal uma série de sons ouvidos simultaneamente, os acordes. (Esta descoberta foi tão poderosa que, ainda hoje, toda a música popular alimenta-se dela). Durante o Barroco assiste-se à passagem do velho universo sonoro da Idade Média e do Renascimento, baseado em várias constelações de sons fixos, os chamados "modos", para o novo domínio da tonalidade. Neste último campo, todas as escalas de sons passaram a ser estabilizadas a partir de apenas dois modos: o maior e o maior.
E como estas escalas eram formadas por meios-tons e tons inteiros, conseguiu-se dar à música a sensação de perpétuo movimento, algo desconhecido até então.

Girolamo Frescobaldi (1583-1643) deu ao cravo e ao órgão todo um repertório muito expressivo, inaugurando com ele a exploração das ricas potencialidades desses instrumentos. Com isso ele auxiliou a música  ocidental a alcançar o estágio de universo autônomo, regido por suas próprias leis e não mais preso ao mundo das palavras. Como representante da nova estética barroca, Frescobaldi alia as qualidades de compositor e de virtuose, seduzindo o público graças à força da sua imaginação e ao domínio técnico exercido sobre os instrumentos. Tais características encontram-se na Sexta Tocata (do livro II de Tocatas, 1627), que contrapõe belas e complexas figuras melódicas a maciças trocas de cor tonal proporcionadas pelos graves pedais.


Se Johann Sebastian Bach (1685-1750) tivesse composto apenas os dois volumes de O Cravo Bem temperado, tal fato já seria suficiente para que seu nome fosse colocado entre os dos maiores criadores musicais de todos os tempos. Isso porque os 48 prelúdios e fugas que  integram essas duas coletâneas são, além de uma espantosa experiência em torno de todas as tonalidades existentes, uma quase inacreditável reinvenção das formas abordadas. Essas características estão presentes no prelúdio e fuga nº8, em mi bemol maior (do volume I), que mostra em sua primeira parte um ânimo de dança lenta coroado por uma extraordinária melodia e, na fuga, uma concentrada escritura polifônica a três vozes distintas.

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