BARROCO
Nascendo nos últimos anos do séc.XVII - através de obras nas quais
havia uma calculada noção de espetáculo - O BARROCO desenvolver - ia até a
metade do século seguinte. Durante esse período que talvez tenha sido o mais
fértil de toda a História, a música foi transformada em uma linguagem
especialmente dramática, de forte apelo emocional.
A dramatização da música, no BARROCO, concretizou - se principalmente em duas novas formas, aliás aparentadas:
a cantata e a ópera.
Respectivamente dentro e fora da Igreja, estas faziam com que os textos cantados, finalmente,
passassem a ser percebidos como uma voz individual, agora
"emoldurada" por um tecido instrumental que funcionava como acompanhamento.
Ao lado desse campo onde a voz passou a imperar como forma de representação das
paixões humanas, a música instrumental feita para ser interpretada por
especialistas, os virtuoses colocou em relevo a imagem do novo homem mais dono
de si mesmo.
De Cláudio Monteverdi a Jonhann Sebastian Bach a música passaria por profundas
transformações. As formas dramáticas como a cantata e a ópera recitativo, a
área e o coro, que chegariam a influenciar até mesmo a música instrumental.
Esta finalmente, ganhou autonomia tanto no que se refere à música para solista
quanto à música para pequenos grupos e para grupos maiores, concertantes.
Assim, a música instrumental foi capaz de criar formas pertencentes apenas a
ela (a tocata, a fantasia, a suíte, o concerto
grosso, o concerto para solista e orquestra, etc.), dando um novo
impulso ao próprio ato de escrever música.
Com o Barroco nasceu a harmonia. Durante os séculos anteriores, a
polifonia era horizontal, com as melodias escorrendo umas sobre as outras.
O Barroco verticalizou a polifonia: colocou em relevo uma melodia
principal geralmente a mais aguda, fazendo com que as outras se subordinassem a
ela, acompanhando-a. Essa função de acompanhamento passou a ser entregue a um
pequeno grupo de instrumentos chamado baixo-contínuo, que fornecia à melodia
principal uma série de sons ouvidos simultaneamente, os acordes. (Esta
descoberta foi tão poderosa que, ainda hoje, toda a música popular alimenta-se
dela). Durante o Barroco assiste-se à passagem do velho universo sonoro da Idade
Média e do Renascimento, baseado em várias constelações de sons fixos, os
chamados "modos", para o novo domínio da tonalidade. Neste último
campo, todas as escalas de sons passaram a ser estabilizadas a partir de apenas
dois modos: o maior e o maior.
E como estas escalas eram formadas por meios-tons e tons inteiros,
conseguiu-se dar à música a sensação de perpétuo movimento, algo desconhecido
até então.
Girolamo Frescobaldi (1583-1643) deu ao cravo e ao órgão todo um
repertório muito expressivo, inaugurando com ele a exploração das ricas
potencialidades desses instrumentos. Com isso ele auxiliou a música ocidental a alcançar o estágio de universo
autônomo, regido por suas próprias leis e não mais preso ao mundo das palavras.
Como representante da nova estética barroca, Frescobaldi alia as qualidades de
compositor e de virtuose, seduzindo o público graças à força da sua imaginação
e ao domínio técnico exercido sobre os instrumentos. Tais características
encontram-se na Sexta Tocata (do livro II de Tocatas, 1627), que contrapõe
belas e complexas figuras melódicas a maciças trocas de cor tonal
proporcionadas pelos graves pedais.
Se Johann Sebastian Bach (1685-1750) tivesse composto apenas os dois
volumes de O Cravo Bem temperado, tal fato já seria suficiente para que seu
nome fosse colocado entre os dos maiores criadores musicais de todos os tempos.
Isso porque os 48 prelúdios e fugas que
integram essas duas coletâneas são, além de uma espantosa experiência em
torno de todas as tonalidades existentes, uma quase inacreditável reinvenção
das formas abordadas. Essas características estão presentes no prelúdio e fuga
nº8, em mi bemol maior (do volume I), que mostra em sua primeira parte um ânimo
de dança lenta coroado por uma extraordinária melodia e, na fuga, uma
concentrada escritura polifônica a três vozes distintas.
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