CURSOS LIVRES DE MÚSICA

terça-feira, 28 de abril de 2015

165 Conselhos de David Russell - parte 9 - Técnica de estudos

3. TÉCNICAS DE ESTUDO


138. Técnica para memorizar: começar do final da peça e ir até o início. Parece um pouco rebuscado e trivial, mas o que se almeja com isso é inverter a atitude normal do intérprete: sempre começamos no que nos é mais familiar e seguimos para o que conhecemos recentemente e está menos seguro. Ao memorizar do final até o principio, vamos tocando do menos conhecido até o mais conhecido, e com isso, ganhamos segurança.

139. Não memorizar involuntariamente, sem ter a intenção de fazê-lo, mas sim se propor a memorizar de maneira consciente e por vontade própria.


140. Ainda que dure apenas dez minutos, na primeira fase da memorização é fundamental voltar a memorizar após meia hora (reforço). A motivação também é muito importante: é preciso fixar prazos, mesmo que sejam fictícios.

141. Após ter memorizado a obra, é conveniente gravá-la e, com a partitura em mãos, dar uma aula a si mesmo, anotando os erros da gravação.

142. O cérebro pode funcionar como um gravador, e podemos aplicar esta habilidade especialmente para depurar a mecânica. Falo em repetir bem devagar as passagens difíceis para fixar na memória o movimento correto, mas é essencial que não gravemos o movimento se o estivermos tocando errado, pois nesse caso gravamos os erros e fica muito trabalhoso corrigí-los após termos memorizado.

143. Concentração: para trabalhá-la, às vezes podemos estudar em um “ambiente dispersante”, como em frente à TV, com alguém conversando ao lado, ou que te incomode. Se nos superarmos nessa situação, teremos melhorado nossa capacidade de concentração.

144. Tocar apenas a melodia ou apenas o acompanhamento para estudar uma peça.

145. Não estudar por mais que 50 minutos seguidos. Mudar de atividade e rapidamente voltar a estudar.

146. Planejamento para uma sessão de estudo de três horas:
·        - Meia hora de técnica.
·        - Duas horas de estudo uma peça, com um intervalo no meio.
·        - Meia hora para se revisar o que se sabe.

147. Durante a manhã, é melhor estudar obras novas, pois se está mais receptivo. Durante a noite, praticar “situações de concerto”.

148. A leitura á primeira vista é muito prática, pois nos permite encontrar digitações alternativas instantaneamente. Para iniciar, são muito recomendáveis os estudos de violino, pois os estudos de violão são mais difíceis para se ler com fluência em um nível básico.

149. Lendo à primeira vista, há duas regras de ouro.
“Tocar o que vê”. Não é necessário tocar todas as notas, mas não se detenha e mantenha a pulsação com precisão. “Olhe sempre de relance para o compasso seguinte, para o meio do compasso seguinte ou para o compasso á frente do que se toca.”

150. Ler devagar, mas sem parar. É muito mais importante evitar paradas que cortam a continuidade do discurso musical e nos impedem de dar sentidos às frases do que tentar aumentar a velocidade. Mesmo que esteja marcado “Allegro”, se dará atenção a isso após o primeiro contato com a obra, não se deve dar uma interpretação que exija uma velocidade determinada.

151. Antes de tocar uma peça em um concerto, é necessário ser capaz de escrevê-la, revisá-la mentalmente e, ainda melhor, com o violão invertido, em contato com o corpo, tocando sobre o braço do violão.

4. ATITUDE DO MÚSICO NA APRESENTAÇÃO EM PÚBLICO


152. Para combater o nervosismo temos que controlar nossa atitude. Em vez de nos deixar levar pela situação e pela responsabilidade, devemos pensar que somos como guias turísticos, que vamos conduzir o público, que vamos mostrar-lhes nossa forma de ver a música.

153. Considerar os concertos como situações que nos brindam com a oportunidade de, ao mesmo tempo em que aprendemos sobre nós mesmos, ensinar aos demais.

154. Ao estudarmos, temos que fazer que a atitude física (rosto, corpo e gestos) passe a sensação de que é algo fácil, sem agressividade, pois caso contrário fixará uma atitude de tensão, de dificuldade, que se prolonga para a interpretação em público.

155. Tentemos escutar a nós mesmos enquanto estamos tocando.

156. É preciso ter segurança após termos trabalhado uma interpretação. Podemos pensar: “essa é minha forma de ver esta peça, tão válida como a de qualquer outro violonista, por melhor que ele seja”.

157. Levamos muito a sério as pequenas falhas ocorridas quando estamos tocando para alguém. Não devemos achar que estamos sendo julgados a todo instante. Uma falha o qual cometemos já pertence ao passado.

158. Podemos cometer um erro num concerto, mas temos que saber a origem do erro. Caso contrário adquirimos um mau hábito: esperar um acerto fortuito no concerto ante uma dificuldade que não resolvemos durante o estudo.

159. Dirigir-se sempre musicalmente para um ponto, ainda que apareçam falhas no caminho.

160. É impossível tocar um concerto sem equivocar-se. É preciso aprender e praticar a ligação de um erro com o que vier em seguida. Se isso não se pratica como se pratica o resto, nos desconcertaremos quando ocorrer e um pequeno erro pode se tornar um erro enorme, perderemos a concentração e possivelmente ficaremos impedidos de seguir tocando.

161. Podemos praticar, em vez da habitual repetição voltando um compasso a cada vez que se errar, saltar um compasso adiante.

162. Talvez a maior causa de preocupação e nervosismo não seja um pequeno erro, mas que tenhamos um “branco”. É preciso praticar a memória formal ou estrutural e trabalhar pontos de referência para saltarmos nos casos de urgência.

163. Quando estamos um pouco nervosos: exagerar o fraseado (um pouco rubato), pois com isso, suavizaremos a tensão.

164. Um pensamento positivo para ajudar nos movimentos difíceis: “está saindo mal, mas sei que tenho recursos para superá-lo”.

165. Não percamos a paciência com nós mesmos, pois às vezes pensamos que o público não vai ficar atento num movimento lento, por exemplo, e aceleramos. Mas na maioria das vezes, o público presta mais atenção quando o intérprete está mais tranqüilo que quando ele está angustiado.

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