3. TÉCNICAS DE ESTUDO
138.
Técnica para memorizar: começar do final da peça e ir até o início. Parece um
pouco rebuscado e trivial, mas o que se almeja com isso é inverter a atitude
normal do intérprete: sempre começamos no que nos é mais familiar e seguimos
para o que conhecemos recentemente e está menos seguro. Ao memorizar do final
até o principio, vamos tocando do menos conhecido até o mais conhecido, e com
isso, ganhamos segurança.
139.
Não memorizar involuntariamente, sem ter a intenção de fazê-lo, mas sim se
propor a memorizar de maneira consciente e por vontade própria.
140.
Ainda que dure apenas dez minutos, na primeira fase da memorização é
fundamental voltar a memorizar após meia hora (reforço). A motivação também é
muito importante: é preciso fixar prazos, mesmo que sejam fictícios.
141.
Após ter memorizado a obra, é conveniente gravá-la e, com a partitura em mãos,
dar uma aula a si mesmo, anotando os erros da gravação.
142.
O cérebro pode funcionar como um gravador, e podemos aplicar esta habilidade especialmente
para depurar a mecânica. Falo em repetir bem devagar as passagens difíceis para
fixar na memória o movimento correto, mas é essencial que não gravemos o
movimento se o estivermos tocando errado, pois nesse caso gravamos os erros e
fica muito trabalhoso corrigí-los após termos memorizado.
143.
Concentração: para trabalhá-la, às vezes podemos estudar em um “ambiente dispersante”,
como em frente à TV, com alguém conversando ao lado, ou que te incomode. Se nos
superarmos nessa situação, teremos melhorado nossa capacidade de concentração.
144.
Tocar apenas a melodia ou apenas o acompanhamento para estudar uma peça.
145.
Não estudar por mais que 50 minutos seguidos. Mudar de atividade e rapidamente
voltar a estudar.
146.
Planejamento para uma sessão de estudo de três horas:
·
- Meia hora de
técnica.
·
- Duas horas de
estudo uma peça, com um intervalo no meio.
·
- Meia hora para
se revisar o que se sabe.
147.
Durante a manhã, é melhor estudar obras novas, pois se está mais receptivo.
Durante a noite, praticar “situações de concerto”.
149.
Lendo à primeira vista, há duas regras de ouro.
“Tocar
o que vê”. Não é necessário tocar todas as notas, mas não se detenha e mantenha
a pulsação com precisão. “Olhe sempre de relance para o compasso seguinte, para
o meio do compasso seguinte ou para o compasso á frente do que se toca.”
150.
Ler devagar, mas sem parar. É muito mais importante evitar paradas que cortam a
continuidade do discurso musical e nos impedem de dar sentidos às frases do que
tentar aumentar a velocidade. Mesmo que esteja marcado “Allegro”, se dará
atenção a isso após o primeiro contato com a obra, não se deve dar uma
interpretação que exija uma velocidade determinada.
151.
Antes de tocar uma peça em um concerto, é necessário ser capaz de escrevê-la,
revisá-la mentalmente e, ainda melhor, com o violão invertido, em contato com o
corpo, tocando sobre o braço do violão.
4. ATITUDE DO MÚSICO NA APRESENTAÇÃO EM PÚBLICO
152.
Para combater o nervosismo temos que controlar nossa atitude. Em vez de nos
deixar levar pela situação e pela responsabilidade, devemos pensar que somos
como guias turísticos, que vamos conduzir o público, que vamos mostrar-lhes
nossa forma de ver a música.
153.
Considerar os concertos como situações que nos brindam com a oportunidade de, ao
mesmo tempo em que aprendemos sobre nós mesmos, ensinar aos demais.
154.
Ao estudarmos, temos que fazer que a atitude física (rosto, corpo e gestos)
passe a sensação de que é algo fácil, sem agressividade, pois caso contrário fixará
uma atitude de tensão, de dificuldade, que se prolonga para a interpretação em
público.
155.
Tentemos escutar a nós mesmos enquanto estamos tocando.
156.
É preciso ter segurança após termos trabalhado uma interpretação. Podemos
pensar: “essa é minha forma de ver esta peça, tão válida como a de qualquer
outro violonista, por melhor que ele seja”.
157.
Levamos muito a sério as pequenas falhas ocorridas quando estamos tocando para
alguém. Não devemos achar que estamos sendo julgados a todo instante. Uma falha
o qual cometemos já pertence ao passado.
158.
Podemos cometer um erro num concerto, mas temos que saber a origem do erro.
Caso contrário adquirimos um mau hábito: esperar um acerto fortuito no concerto
ante uma dificuldade que não resolvemos durante o estudo.
159.
Dirigir-se sempre musicalmente para um ponto, ainda que apareçam falhas no
caminho.
160.
É impossível tocar um concerto sem equivocar-se. É preciso aprender e praticar
a ligação de um erro com o que vier em seguida. Se isso não se pratica como se pratica o
resto, nos desconcertaremos quando ocorrer e um pequeno erro pode se tornar um
erro enorme, perderemos a concentração e possivelmente ficaremos impedidos de
seguir tocando.
161.
Podemos praticar, em vez da habitual repetição voltando um compasso a cada vez
que se errar, saltar um compasso adiante.
162.
Talvez a maior causa de preocupação e nervosismo não seja um pequeno erro, mas
que tenhamos um “branco”. É preciso praticar a memória formal ou estrutural e
trabalhar pontos de referência para saltarmos nos casos de urgência.
163.
Quando estamos um pouco nervosos: exagerar o fraseado (um pouco rubato), pois
com isso, suavizaremos a tensão.
164.
Um pensamento positivo para ajudar nos movimentos difíceis: “está saindo mal,
mas sei que tenho recursos para superá-lo”.
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