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quinta-feira, 26 de março de 2015

Os Intervalos musicais - parte 1

Olá amigos, tudo bem com você?

Hoje o assunto é TEORIA MUSICAL. Quem já estudou sobre intervalo, pelo uma vez já se perguntou: "por que será os nomes dos intervalos são justo e não perfeitos?" A resposta está no artigo abaixo. Na verdade, são várias teorias. Vou postar cada uma delas em partes; hoje é a 1ª.

Boa leitura!   



Intervalos – Por que os intervalos de 4o, 5o e 8o são chamados de intervalos justos?

"Digo que os intervalos "justos" são assim chamados por serem honestos, nunca mentem, talvez por isso são justos." (oficinademusica@yahoo.com.br)

Escala pitagórica
Por Renato S. P. Gilioli.

A primeira teoria que se tem conhecimento para explicar a relação escalar das notas musicais e foi dado a Pitágoras: a escala pitagórica. Hoje usamos o que chamamos de escala temperada. Na verdade, elas não são iguais, na "pitagórica", não há relação perfeita entre o intervalo de oitava. Se a colocarmos em seqüências de oitavas e de quintas lado a lado (subir ou descer 7 oitavas e 12 quintas), com a escala temperada, elas não vão chegar em uma nota comum, mas em notas diferentes. Conseqüência: cada oitava fica com uma sonoridade diferente da outra, o que tornaria impossível, por exemplo, tocar um contrabaixo e um violino juntos, pois ao tocar as mesmas notas tocariam sons muito diferentes (por isso os clavicórdios tinham poucas oitavas: para não ficar a música "desafinada"). Há quem diga que para se dividir, realmente, a oitava, igualmente, seria necessárias 53 notas e não apenas 12 como no sistema temperado, logo, seria infinitamente mais complexo e difícil, tanto na construção de instrumentos como na criação musical. Com o intuito de tocar em conjunto e o resultado do som "soassem bem", as notas, organizadas em escalas intervalares de freqüência, foram temperadas, ou "afinadas".
Isso foi um modo de "consertar" as notas e padroniza-las de modo que seus sons fossem idênticos, tanto nos registros mais graves ou mais agudos. Criou-se, então, uma série de desvios-padrão em cada oitava para "forçar" as notas de diferentes oitavas terem sons os mais "iguais" possíveis uns aos outros. (O "Cravo bem temperado" ilustra bem a alegria surgida com o temperamento ao se poder tocar em todas as 24 tonalidades maiores ou menores).
Este desvio-padrão é feito primeiramente em quartas e quintas, as duas "metades" da oitava. Para a seqüência de 7 oitavas e 12 quintas coincidirem exatamente na mesma nota (o que não acontece "naturalmente") come-se um pouco do intervalo de cada quinta. Isso é temperar (termo que é sinônimo de "afinar").

O fato de progredir sobre uma série de quintas não se fechar novamente sobre a oitava já era conhecido dos gregos e o intervalo entre a oitava "real" e a oitava obtida da série foi chamada de "coma pitagórica" (cujo cálculo, atribuído a Pitágoras, resulta na fração 531441/524288).

Mas se complica ainda mais se considerarmos os sustenidos e os bemóis, pois, na verdade, um RE# não é igual a um MIb: o primeiro, seria um pouco mais agudo que o segundo, o que se repete em todas as outras notas; aí o temperamento também força desvios-padrão para deixar todas as notas pretensamente eqüidistantes. Tentando dizer de outro jeito: na escala "pitagórica" um dó, ré, mi, fá de uma oitava não guarda as mesmas proporções sonoras do que essas "mesmas" notas em outra oitava. Aliás, na outra oitava, essas notas já não seriam mais exatamente dó, ré, mi, fá.
Também, nossos ouvidos já são tão condicionados ao temperamento e achamos que estar afinado é o mesmo que estar temperado. Parafraseando Max Weber, sociólogo que tem um excelente e complexo estudo sobre a questão, nossos ouvidos ocidentais estão tão acostumados com as sete notas musicais que tudo o que não entra nisso entendemos como desafinação, feiúra.
Logo, a música tradicional de diversos povos africanos, asiáticos e das Américas seria considerada desafinada, mal feita, "errada", quando na verdade simplesmente não utiliza a escala como estamos acostumados.
Sem o temperamento, é impossível tocar uma mesma melodia em diferentes tonalidades sem mudar as notas.
            O Temperamento apenas existe porque existem instrumentos musicais com afinação fixa: os instrumentos de teclado e os de corda com trastes. Esses são os únicos instrumentos "temperados"; todos os outros, incluindo o "instrumento" voz, são não-temperados em essência. Estamos mais do que acostumados com a coexistência entre temperamento e afinação natural, já que temos instrumentos musicais dos dois tipos, freqüentemente tocando em conjunto.

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