Olá amigos, tudo bem com você?
Hoje o assunto é TEORIA MUSICAL. Quem já estudou sobre intervalo, pelo uma vez já se perguntou: "por que será os nomes dos intervalos são justo e não perfeitos?" A resposta está no artigo abaixo. Na verdade, são várias teorias. Vou postar cada uma delas em partes; hoje é a 1ª.
Boa leitura!
Intervalos – Por que os intervalos de 4o, 5o e 8o são chamados de intervalos justos?
"Digo que os intervalos "justos" são assim
chamados por serem honestos, nunca mentem, talvez por isso são justos." (oficinademusica@yahoo.com.br)
Escala pitagórica
Por Renato S. P. Gilioli.
A primeira teoria que se tem conhecimento para
explicar a relação escalar das notas musicais e foi dado a Pitágoras: a escala
pitagórica. Hoje usamos o que chamamos de escala temperada. Na verdade, elas
não são iguais, na "pitagórica", não há relação perfeita entre o
intervalo de oitava. Se a colocarmos em seqüências de oitavas e de quintas lado
a lado (subir ou descer 7 oitavas e 12 quintas), com a escala temperada, elas
não vão chegar em uma nota comum, mas em notas diferentes. Conseqüência: cada
oitava fica com uma sonoridade diferente da outra, o que tornaria impossível,
por exemplo, tocar um contrabaixo e um violino juntos, pois ao tocar as mesmas
notas tocariam sons muito diferentes (por isso os clavicórdios tinham poucas
oitavas: para não ficar a música "desafinada"). Há quem diga que para
se dividir, realmente, a oitava, igualmente, seria necessárias 53 notas e não
apenas 12 como no sistema temperado, logo, seria infinitamente mais complexo e
difícil, tanto na construção de instrumentos como na criação musical. Com o
intuito de tocar em conjunto e o resultado do som "soassem bem", as
notas, organizadas em escalas intervalares de freqüência, foram temperadas, ou
"afinadas".
Isso
foi um modo de "consertar" as notas e padroniza-las de modo que seus
sons fossem idênticos, tanto nos registros mais graves ou mais agudos.
Criou-se, então, uma série de desvios-padrão em cada oitava para
"forçar" as notas de diferentes oitavas terem sons os mais
"iguais" possíveis uns aos outros. (O "Cravo bem temperado" ilustra
bem a alegria surgida com o temperamento ao se poder tocar em todas as 24
tonalidades maiores ou menores).
Este desvio-padrão é feito primeiramente em quartas e quintas, as duas
"metades" da oitava. Para a seqüência de 7 oitavas e 12 quintas
coincidirem exatamente na mesma nota (o que não acontece
"naturalmente") come-se um pouco do intervalo de cada quinta. Isso é
temperar (termo que é sinônimo de "afinar").
O fato de progredir sobre uma série de quintas não se
fechar novamente sobre a oitava já era conhecido dos gregos e o intervalo entre
a oitava "real" e a oitava obtida da série foi chamada de "coma
pitagórica" (cujo cálculo, atribuído a Pitágoras, resulta na fração
531441/524288).
Mas se complica ainda mais se considerarmos os
sustenidos e os bemóis, pois, na verdade, um RE# não é igual a um MIb: o
primeiro, seria um pouco mais agudo que o segundo, o que se repete em todas as
outras notas; aí o temperamento também força desvios-padrão para deixar todas
as notas pretensamente eqüidistantes. Tentando dizer de outro jeito: na escala
"pitagórica" um dó, ré, mi, fá de uma oitava não guarda as mesmas
proporções sonoras do que essas "mesmas" notas em outra oitava.
Aliás, na outra oitava, essas notas já não seriam mais exatamente dó, ré, mi,
fá.
Também, nossos ouvidos já são tão condicionados ao temperamento e achamos
que estar afinado é o mesmo que estar temperado. Parafraseando Max Weber,
sociólogo que tem um excelente e complexo estudo sobre a questão, nossos
ouvidos ocidentais estão tão acostumados com as sete notas musicais que tudo o
que não entra nisso entendemos como desafinação, feiúra.
Logo, a música tradicional de diversos povos africanos, asiáticos e das
Américas seria considerada desafinada, mal feita, "errada", quando na
verdade simplesmente não utiliza a escala como estamos acostumados.
Sem o temperamento, é impossível tocar uma mesma melodia em diferentes
tonalidades sem mudar as notas.
O Temperamento apenas existe porque existem instrumentos
musicais com afinação fixa: os instrumentos de teclado e os de corda com
trastes. Esses são os únicos instrumentos "temperados"; todos os
outros, incluindo o "instrumento" voz, são não-temperados em
essência. Estamos mais do que acostumados com a coexistência entre temperamento
e afinação natural, já que temos instrumentos musicais dos dois tipos,
freqüentemente tocando em conjunto.
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